O verdadeiro PIB do agro

O verdadeiro PIB do agro

Como o setor tem puxado para cima os índices de crescimento da economia brasileira.

Há uma constatação rotineira nos anúncios de índices de crescimento da economia brasileira pelo IBGE. Não importa o resultado, há uma locomotiva a puxá-los para cima chamada agronegócio. Que potência tem essa máquina? A julgar pelos dados divulgados em março passado, consolidando o desempenho do País em 2017, uma força suficiente para desafiar a gravidade – e aqui uso a palavra em duplo sentido. Segundo o instituto, o setor agropecuário cresceu mais de 13% no ano passado. A indústria ficou em 0% e os serviços, 0,3%. O Brasil como um todo fechou em 1%, um festejado (embora magro) resultado positivo após dois anos de recessão. Em outras palavras, mais uma vez o agro puxou o resto. E que esforço teve de fazer. Pode pôr na conta dos produtores rurais, oficialmente, 70% do trabalho.

A questão é que os números talvez não exprimam a realidade.  A metodologia usada pelo IBGE para calcular o PIB não considera como agronegócio, por exemplo, indústrias que fornecem para o setor (como a de defensivos ou máquinas) ou que processam produtos vindos do campo (indústrias de carnes e alimentos). Por essa ótica, o agro responde por um total de 26% do PIB brasileiro. Será que não chegou a hora de discuti-la e chegar a uma visão mais real da participação do setor na economia nacional?

Já há uma série de avaliações paralelas que buscam medir esse impacto. As estimativas variam conforme o modelo adotado pelo pesquisador, mas podem chegar perto dos 50% – isso mesmo, metade das riquezas produzidas no País de alguma forma são relacionadas ao que acontece porteira adentro.

Alguns setores também fazem suas contas. A montadora de caminhões Mercedes-Benz, por exemplo. No ano passado, com a safra recorde, estimou em 32,5 milhões de toneladas o adicional de cargas a serem transportadas. E para isso é preciso mais caminhões (indústria automobilística) e transportadoras (serviços). Como isso impacta nas vendas? Em Janeiro de 2018, a marca comercializou 430 caminhões extra pesados – os mais usados para transportes de grandes volumes de carga, como exige a safra de grãos -, um aumento de 305% sobre as vendas de janeiro de 2017.

A conclusão que parece óbvia, mas que os governos desprezam, é que investir na vocação nacional para o agronegócio, transformá-la no eixo das políticas de desenvolvimento, certamente trará impactos positivos e duráveis, que chegam bem longe das regiões produtoras. A previsão é de que, em 2018, o PIB do agro cresça acima de 7%. A locomotiva vai continuar puxando o País.

Pesquisa realizada no editorial das plataformas Plant Project e StarAgro

 

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